Portfólio Acidente Vascular Cerebral
Curso: Nutrição
Semestre: 5º Flex / 6º Regular
A proposta de Produção Textual Interdisciplinar em Grupo (PTG) terá como temática
“Acidente Vascular Cerebral”. Escolhemos este assunto para possibilitar a aprendizagem
interdisciplinar dos conteúdos desenvolvidos nas disciplinas desse semestre.
SITUAÇÃO GERADORA DE APRENDIZAGEM (SGA)
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das doenças que mais matam no mundo. No Brasil,
o AVC é a primeira causa de morte e as sequelas podem atingir 50% das pessoas que tiveram e são,
muitas vezes, irreversíveis. Nos quatro primeiros meses de 2022, foram registrados 35.127 casos de
mortes por AVC. Respondendo por aproximadamente 85% dos casos, a forma isquêmica ocorre
quando há a obstrução em um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro, bloqueando a
passagem de oxigênio para as células locais, chamadas de neurônios, causando a sua morte. Já na
hemorrágica, um vaso enfraquecido rompe e sangra no cérebro, causando inchaço e aumento da
pressão local1,2
.
Considerado incomum em adultos jovens, a ocorrência da doença nessa faixa
etária afeta o doente e seus familiares de forma emocional, física e social. O estudo de AVC em
pacientes jovens tem sido objeto de muitas pesquisas epidemiológicas, motivadas principalmente
pelo considerável impacto individual e socioeconômico causado pela elevada taxa de
morbimortalidade que pode causar nessa população economicamente ativa3
.
De acordo com um estudo sobre AVC em adultos jovens realizado no Rio Grande do Sul, 58.5%
dos casos ocorreram em mulheres. Estratificando esses casos por faixa etária, as mulheres de 20
a 29 anos perfizeram 59,3% dos registros e as de 30 a 39 anos 58.2% do total de casos. A American
Stroke Association constatou que o AVC atinge cerca de 55.000 mulheres a mais do que homens4
.
Nesse contexto, nossa SGA acompanha Larissa, saudável e com uma boa alimentação, com
diagnóstico de cardiopatia congênita que surpreendeu ao ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC)
aos 31 anos durante seu treino.
SITUAÇÃO-PROBLEMA
Em mais um dia de treino, Larissa viu a vida mudar completamente no fundo da piscina
quando começou a sentir tontura, não conseguia falar, a parte esquerda paralisou ficando
totalmente imóvel impossibilitando pedir socorro. Depois de muito esforço, ela conseguiu atravessar
a piscina com um braço só mas bebeu muita água nas tentativas. Ao chegar no raso da piscina, não
conseguia explicar ao professor o que havia acontecido e ele percebeu que tinha algo muito grave,
puxando-a da piscina a levando às pressas para o Hospital Regional da cidade, quando ela desmaiou.
No exame de mapeamento das artérias constatou um bloqueio na carótida direita, que é uma artéria
super grossa e o entupimento foi na base. Como ela entupiu no início, parou de irrigar as outras
artérias que ramificavam com a carótida. Os médicos ficaram super preocupados com o risco de uma
hemorragia cerebral. A atleta recebeu um cateter na artéria, permitindo a expansão do vaso
sanguíneo e, com isso, a retomada da circulação. Não foi possível, porém, impedir que parte do
cérebro dela “morresse” no processo.
Realizou o procedimento de angioplastia de carótida e permaneceu oito dias de
monitoramento em UTI. Depois disso, semi-tratamento intensivo e internação. Ela ganhou alta no
17º dia, surpreendendo até os médicos. Ao deixar o hospital, ela não conseguia falar nem entender
diálogos e apresentou disfagia leve moderada. Além disso, a perna esquerda estava sem movimento
e não conseguia controlar a abertura da mão. Ela nunca imaginou que seria “candidata” a um AVC,
porque achava que tinha uma alimentação equilibrada. Após realizar exames específicos, o resultado
de um exame revelou a possível causa do derrame: cardiopatia congênita. Larissa atualmente passa
bem, sem grandes sequelas do AVC.
Com base nos assuntos abordados na Situação Geradora de Aprendizagem (SGA) e relatados
na Situação-problema, desenvolva os seguintes desafios propostos.
DESAFIOS PROPOSTOS
Desafio 1
Após admissão da paciente na UTI, foi realizada a avaliação nutricional e ela apresenta risco
nutricional. Está estabilizada hemodinamicamente, com capacidade total de digestão e absorção,
necessidades energéticas de 1800kcal/dia. Será administrada uma dieta hipercalórica, hiperproteica,
densidade de 1,5 KCal/mL, 650 mOsm/Kg de água, fracionada 6 vezes ao dia. Dessa forma, realize a
prescrição dietética considerando a complexidade dos nutrientes, via de administração, volume a ser
administrado, método de administração, gotas por minuto e a quantidade de água ao longo do dia
que deverá ser administrada.
Desafio 2
A Sociedade Brasileira de Cardiologia5 apresenta em seu último relatório que cerca de 45% de
todos os óbitos por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no mundo, mais de 17 milhões, são
causadas por doenças cardiovasculares (DCV), e uma distribuição similar é observada no Brasil, onde
72% das mortes resultam de DCNT, sendo 30% devidas às doenças cardiovasculares e 16% a
neoplasias, comprovando que as DCV são a principal causa de morte no país (SBC, 2022).
Portanto, sabendo que o tratamento e controle das DCV e seus fatores de risco envolvem o
cuidado com o estilo de vida, alimentação adequada e individualizada, prática de atividade física,
acompanhamento médico e medicamentoso, desenvolva uma orientação nutricional individualizada
considerando todas as informações apresentadas no caso da Larissa, apresente quais os cuidados ela
precisa ter com a alimentação após descobrir a cardiopatia congênita e passar por um quadro de
AVC, evidencie os nutrientes essenciais nesse caso.
Desafio 3
Uma das complicações consequente do Acidente Vascular Cerebral é a disfagia, que pode ser
definida como a dificuldade em deglutir o alimento no trajeto da cavidade oral até o estômago,
condição esta que pode se associar a sintomas como regurgitação, aspiração traqueobrônquica, dor
retroesternal independente de esforço físico (relacionada ou não à alimentação), pirose, rouquidão,
soluço e odinofagia. Quando manifestada em virtude de AVC pode ser considerada morbidade
dependendo do tipo de lesão e da idade do paciente. Devido essa dificuldade em deglutir o alimento,
o estado nutricional é afetado diretamente, uma vez que modificações na consistência dos alimentos
e a própria dificuldade de ingestão podem causar inadequações dietéticas, levando a um quadro que
desnutrição que infelizmente é muito frequente nesses pacientes.
O principal objetivo da terapia nutricional ao paciente disfágico é prevenir a aspiração e a sufocação,
buscando meios de facilitar uma alimentação segura e independente, e ainda recuperar ou manter
o estado nutricional e a hidratação do paciente, com a dieta adaptada às suas necessidades. Assim,
quando a Larissa receber alta hospitalar ela continuará recendo todos os cuidados necessários em
casa, desta forma desenvolva um material orientativo mostrando quais alimentos ela pode consumir
tendo uma disfagia leve moderada, qual a textura desses alimentos, como deverá ser a hidratação
da paciente e qual a importância do Nutricionista na assistência nutricional em paciente disfágicos.
Lembrando que esse material orientativo será entregue para a paciente e sua família.
Desafio 4
Após a sua recuperação, Larissa procurou um nutricionista esportivo para auxílio no ganho de
massa muscular, que perdeu durante a internação, e o desempenho durante os treinos. Ela treina
3x/semana, das 6:00h às 7:00h, é vegetariana e tem intolerância à lactose. Dessa forma, elabore
orientações dos alimentos que ela deverá ingerir ao longo do dia (sem considerar quantidades) e a
prescrição de suplementos, justificando sua resposta.
Referências
1. Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Disponível em:
https://avc.org.br/membros/diretrizes-em-avc/. Acesso em: 22. jun. 2022.
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/. Acesso
em: 22. jun. 2022.
3. Zétola, V.H.F. et al. Acidente Vascular Cerebral em pacientes jovens: análise de 164 casos.
Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2001.
4. Bernardi T, Bueno ALM, Benetti LM. Acidente vascular cerebral em mulheres de 20 a 39 anos,
no Rio Grande do Sul, para os anos de 2011 a 2020. São Paulo: RevRecien. 2022; 12(37):211-
221.
5. SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. SBC atualiza relatório Estatística Cardiovascular –
Brasil. 2022. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/post/sbc-atualizarelat%C3%B3rio-estat%C3%ADstica-cardiovascular-brasil. Acesso em: 28 jun. 2022.
Nutrição
6. Oliveira, MMG. et al. Terapia nutricional em disfagia: a importância do acompanhamento
nutricional. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano VI, nº 16, abr/jun 2008. Disponível
em:
7. https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/382#:~:text=A%20t
erapia%20nutricional%20e%20exerc%C3%ADcios,enteral%20para%20a%20dieta%20oral.
8. Rossi, L. et al. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. Grupo GEN, 2019. Capítulo 57. Doenças do
Sistema digestório. Disponível em: Minha Biblioteca.